quinta-feira, 25 de março de 2010

Eu quero dar gargalhadas ao vento, não esconder o meu rosto.
Quero fazer careta pro cara da esquina que me espreita,
quero chorar compulsivamente em cima de um pote de sorvete.

Eu quero me espantar com as coisas mais simples.
Quero fechar os olhos para as pessoas sem fé e sem esperança.
Quero um sorriso de criança num mundo onde ser feliz é pecado.


Quero fazer pose na frente do espelho
Quero passar batom vermelho e tirar uma foto sem cor.
Quero um amor pra levar na mochila
E uma flor sem pétala mal me quer.

Eu quero uma verdade inventada
uma hora desmarcada
E um sorriso cheio de dentes.

Amar, amar, eis a sina
Melhor ser criança
E se jogar na ciranda da vida.

Saber Viver


Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

Cora Coralina

quarta-feira, 24 de março de 2010

Lavar a alma


"O mundo nos possibilita infinitos sentires e sabores.O gosto de um sorriso de criança desdentada, o primeiro toque entre duas almas."

Hoje acordei com vontade de lavar a alma, tomar banho de chuva! Quem já não teve vontade de cair entre as gotas celestes; sentir o toque da chuva na pele e lavar a alma...
Muitas vezes nos sentimos fracos e sozinhos com nossa dor interior: Dor passageira por um braço não estendido; ressentimento eterno por um olhar falso : Amar e se jogar no além , é não ter rede para aparar a queda, se ela existir, mas ás vezes agente nem sente o chão de concreto, pois o coração já está aos cacos e o corpo já se tornou imóvel [ é bom tirar as manchas que nos machucam ou é bom levá-las para sentir o quão extenso e sentido foi o caminho percorrido?Prefiro lavar, detesto manchas que demoram a sair: Para que lembrar do passado se o presente pode ser tão limpo?.Quer levar estigmas hereditários? Lembranças de mãos vazias ao vento]
Quero me jogar na chuva agora e esperar o temporal passar!
Lá bem além do arco-íris sempre existe um novo horizonte, com alguns temporais passageiros ou inundadores, ninguém pense que o mundo é cor de rosa sempre, só se vocêcomprar lentes coloridas para ver o mundo- mas , por favor, não vamos simular a realidade- mas quem gosta do marasmo e do tédio dos rostos mecânicos? O ser humano busca a procura incerta ,a dor não sentida e o rosto molhado das chuvas verdadeiras!


"Eu quero o gosto da terra molhada no rosto e o desejo da eterna criança: Brincar que a chuva é o banho proibido em busca de um novo e misterioso horizote.

BOM DIA...
A vida pode ficar muito pequena
quando olhamos para ela com
o olhar estreito.
O tédio acontece quando nos afastamos
da capacidade de nos encantarmos
com as coisas mais simples do mundo.
Porque para se estar aqui com
um pouco que seja de conforto na alma
há que se ter riso.
Há que se ter fé. Há que se ter
a poesia dos afetos.
Há que se ter um olhar viçoso.
E muita criatividade.
(Ana Jácomo)

quarta-feira, 10 de março de 2010

O universo conspira a meu favor?


Hoje acordei com uma raiva tremenda do universo.Tem dias que parece que ele não conspira a noso favor...Acabo tranferindo minha raiva para as coisas e pessoas que não tem culpa da existência desse sentimento tão corrosivo e maléfico.Mas será que o mundo é o culpado por toda a complicação e problemas que me cercam? Ou será que sou eu , pobre mortal, que tento sempre transferir os problemas e culpa para algum bode expiatório?
O ser humano é suscetível ao erro- ouvi certa vez alguém falar essa frase.Mas será que é suscetível também a creditar para si próprio a culpa e os erros?
É tão difícil pedir perdão e mais ainda dá-lo a outrem.Trazemos conosco nossas cruzes e conquistas.O que pesa mais? A vitória ou a resignação? Acho que depende de como conseguimos um dos dois.
Buscamos sempre algo ou será que a sedução da busca é o que nos conquista? O erro, geralmente é uma das consequencias da coragem de se arriscar pelo mundo afora.Escalamos dia a dia um arranha-céu novo: ás vezes tentamos voar, outras só pensamos no nosso infantil medo de cair....é melhor, na maioria das vezes, não olhar para baixo.A distância e os modos que percorremos a vida podem nos assustar e fazer com que desistamos de continuar a escalada dos nossos objetivos.
Quando pequena, querendo aprender a todo custo andar de bicicleta, as rodinhas eram minhas fiés companheiras e meu apoio seguro, meu medo maior era cair e ganhar um arranhão que deixaria a sua cicatriz para sempre.Hoje, percebo que para algumas coisas ainda preciso das rodinhas, não consigo me ver sem elas, minha criança interior pede sempre uma segurança para meus atos, um porto seguro para eu fugir nas horas de dificuldade.Sei que preciso me livrar das rodinhas ou será que só dos meu medos? E se eu cair? Terei minhas cicatrizes sim, mas elas me lembrarão do modo como percorri pelas trilas da vida:Sem medo dos tropeços e quedas , por mais íngreme que fosse o chão, dos possíveis nãos e dos falsos sim, que machucam e deixam marcas bem maiores que uma cicatriz de alguns: Você não pode ou você não é capaz. Ao perder meu medo tirarei as rodinhas de apoio e aproveitarei o sabor da liberdade de andar pelo mundo confiando em mim mesma e na minha bicicleta sem rodinhas: Serei só eu e a minha busca.

terça-feira, 9 de março de 2010

Amor eterno existe?


Em algumas das várias conversas que tive com meus alunos, surgiu um questionamento interessante: O amor eterno existe? Bom, acho que além de ser uma questão bastante complexa, principalmente nos dias atuais, onde os relacionamentos fugazes e ao mesmo tempo intensos imperam faz com que a maioria das pessoas concordem que o verbo amar só existe nos dicionários de conjugação verbal e nos livros de José de Alencar....
Mas, se tirarmos o amor da humanidade o que nos sobra? Numa sociedade onde o ter e não o se mostra, na qual vale mais um amor de carnaval, um amor que é quantidade e não qualidade? Já bem disse o Padre Antônio Vieira em um dos seus famosos sermões que atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! Será que o tempo é um dos grandes vilões da extinção do amor? Será que amar significa suprir tão somente um prazer passageiro e um beijo sonhado? O amor tornou-se banal ou a sociedade esconde-se atrás de estigmas e falsas palavras por medo? Medo de não ser amado, medo de ser traído, medo de ter medo.
Na verdade, o amor existe sim, seja na busca por um sonho, no encontro que não foi marcado, no acaso escolhido. O tempo é como o vento para a fogueira. Se o fogo for fraquinho e tênue o vento acabará apagando essa chama pequenina, mas se o labareda do amor for forte e verdadeira ela só aumentará frente aos ventos do infortúnio e do tempo.