terça-feira, 24 de junho de 2008

Bússola

"Nós somos feitos de seres imperfeitos que nos tornam perfeitos" Acho que demora um pouco para se perceber isso, mas com o tempo e com a perda da última chama infantil que nos acompanha começamos a olhar para trás e ver quantas chagas abertas deixamos nos seres que nos acompanham e no ser que vive dentro de nós.
Certa vez, um velho professor me disse que o que buscamos como perfeição nunca ou dificilmente será alcançada. O emprego perfeito, os amigos perfeitos, um amor perfeito... Mas tudo e principalmente o animal homem está propenso ao o erro, afinal somos humanos! Mas nossa chaga da imaturidade causa, quase sempre, essa busca pelo que não é realmente verdadeiro. Lançamos-nos em busca da vida perfeita, dos amigos perfeitos, dos sonhos e realidades sem dor e sem monotonia. Queremos a vida dos filmes, na qual o clímax e a surpresa são ingredientes constantes. E assim nos lançamos em busca dos mitos perfeitos e nos esquecemos dos amigos reais, dos amores reais e da vida real. E como deixamos rastros de lágrimas e dores nas almas dos seres que nos rodeiam... Em busca do irreal vamos cegamente beirando o precipício da solidão.
Mas, o tempo nós mostra, ah como o tempo é um bom conselheiro para aqueles que o escutam! Ele retira a neblina dos olhares fixados na cauda das ilusões vãs. Ele mostra que o essencial é invisível aos olhos! Que as verdadeiras coisas, são as coisas mais simples e comuns, que os verdadeiros amigos não são os perfeitos companheiros e sim os companheiros que nos seguem por mais que nossos caminhos sejam tortos e nossas vozes surdas: imperfeitos, humanos! Com veias de carne e abraços que abarcam o mundo. Ah, e os verdadeiros amores! Esses a princípio esquecidos em busca de uma perfeição tão falsa que se mostra como o sepulcro caiado. E como esse falso amor é cruel com as almas que não as enxergam realmente como são, pois às vezes o tempo pára e não é possível voltar a trás, pois a palavra já foi proferida e o sonho já foi dilacerado.
Mas os que conseguem perceber a tempo a luz do verdadeiro e palpável amor, ah, esses são os escolhidos! O amor real, o amor que respeita e que espera de braços abertos a volta do filho pródigo. Com defeitos e marcas das estradas tortuosas que percorreu. Amor que não pergunta a causa e nem o quando e quanto esperou esperar a aflição pela volta do seu pedaço verdadeiro, pois dói muito juntar-se à pedaços que buscam outros pedaços. Amor que é sofrer... Mas quem que nunca amou verdadeiramente que não sentiu o gosto da dor nos lábios? Esse sim é que é o verdadeiro amar: é o contentar-se de contente pela dor que desatina sem doer...
E assim percebemos que somos sim feitos dos seres imperfeitos que nos tornam perfeitos para esse sentimento assustadoramente mítico e real que se chama: AMAR.

Alucinação

Cair... Será que é assim que tudo acaba? Sumir do universo sem deixar ao menos uma poeira passageira nesse mundinho chamado sociedade? Era assim que luza se imaginava. Ninguém lembrava mais do seu rosto, isso era um fato! Também como se encaixar naqueles quebra-cabeças tão dispersos! Sentia-se uma pétala de orvalho derretida nas palavras banhadas em flor. Sim, era isso mesmo: banhadas em flor! Pois a verdadeira essência da pétala desfolhada, essa ela nunca conseguiu ver por trás das máscaras e dos rostos confusos.

O mundo real parece ser tão distante perto das veleidades falsa alitadas nos corações dos seres que ainda os possuem. É necessário mesmo apedrejar as mãos estendidas? Ou é melhor resignar-se e ir junto da multidão "pensante" que passa?

Acho que o melhor é mergulhar no mundo onírico. Lá sim tudo é palpável e legível. Os rostos não se confundem e a letra do papel que cobre a verdade não é feita da tinta invisível e insolúvel do medo. Medo de ser um ser; medo de não ser o que querem que seja... Lá tudo é muito, comparado ao pouco daqui.

"A luz da luz efêmera brilha mórbida no fim do sono que agora é sonho banhado de hálitos matinais aspergidos de carinhos fáceis e falsos, porque a vida, essa depende do sonho que a carrega".

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Dive

Ana sabia... Sabia que o sinal iria tocar, não importava o quanto ela se esforcasse nunca conseguiria adivinhar a que horas aquele barulho silencioso que emanava de suas entranhas comecaria a despejar-se por todos os seus poros, só sabia que ele viria....
Em conversa consigo mesma sempre percebera que era diferente, não gostava de multidões falantes de pessoas que trocam hálitos de palavras falsas. Preferia conversar consigo mesma, falar com essa pessoa tão próxima e estranha que habita no seu intímo. Às vezes tinha vontade de gritar pro vazio, mas o que adianta se palavras proferidas na alma são condensadas por uma atmosfera de sentidos mudos? Não importa... Viver em multidões é que não iria! Queria adentrar-se por nas mentes, buscar o que ninguém jamais encontrou. Vislumbrar a imagem onírica da voz que falava com ela tantas vezes, que deixava uma dorzinha, mas que também a tornava mais ela, cada dia mais mudada e igual. Sabia que conhecer-se era difícil, mas buscar essa procura era sua dor de falta constante: sentia-se vitoriosa! Muitas vezes encontrava junto com o ser que habitava dentro dela outras vozes que tinha variadas personalidades. intigavam-na de tal forma que queria estar dentro de si mesma para encontrar esssas pessoas. Será que eram pessoas? Achava que não, pois pessoas não possuem tamanha mobilidade de esconder-se dentro de almas alheias ou será que possuíam esse Dom?
Ora de deixar-se só....Ninguém quer deixá-la....Por qual motivo não a deixam mergulhar-se? Logo agora esse sinal toca e ela não tem tempo de se trocar pra encontrar o seu eu que a encara. Tudo gira incompreensível como incoprrendida é ela por todos os seres de pensamentos físicos e atos mecânicos que a cercam. Quem dera o mundo fosse psicologicamente interior. Pena que não dá pra continuar dialogando com seus amigos introspectivos. é hora de entrar .. O sinal já parou.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

For(c)ça

Força....
Estranha força
Baila tonta sobre o palco apagado.
Louca
Sem rumo louca
Procura passos
Com rastros selados.

E a bailarina
onde se esconde?
Cadê o pedaço
do seu passado?

Onde está a vida
Onde estão as flores?
Onde está a força
do seu bailado?

Jamilly Barros.